Aids Também É Brega

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Não me esqueço daquele dia, quando a conheci
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na padaria, escornada no vidro do balcão
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Sua camisa de meia combinava com o chinelo de dedo
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e a cor dos olhos contrastava com o papel do pão
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Ela me chamou pra casa da patroa,
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que viajava pelo Rio de Janeiro numa boa
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Ela se apaixonou pelo meu sorriso "mil e um"
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o olhar 43, o passo "15 prás 3"e o bafo 51

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Eu a chamava de querida , e ela me chamava de meu bem
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Eu lhe doava minha vida, jamais a trocaria por alguém

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Mas me vi tão desgostoso  após o término do ato sexual
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pois que minha rosa se transformara em um peçonhento animal
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Ela tirou meu sapato e não largava do meu pé
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comparando a Fuma rosa o doce odor do meu chulé
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Fiquei angustiado com a gravidez da situação
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eu amaldiçoava a padaria e o papel do pão
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acontece que o destino me reservava tantas fatalidades:
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aquela cobra peçonhenta me confessou virulenta que era portadora d'AIDS

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Eu a chamava de querida , e ela me chamava de meu bem
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Eu lhe doava minha vida , mas não era pra ser desse jeito não.