Picaço Oveiro

Lisandro Amaral

E
Oveiro-negro picaço
B7                 E
Cabresto firme na cincha
B7
Igual ao vento relincha
                      E
Luzindo as bragas do pêlo
                  B7
Há muito sonhava tê-lo
                    E
Junto aos preparos de prata
A                   E
Pra luzir nas serenatas
B7                 A E
De algum motivo sinuelo

E
Império "gaúcho" que leva
B7                  E
A liberdade andarilha
                    B7
Clarim do tempo em vigília
                      E
Que se amansou pela crença
                       B7
Do índio que em renascença
                          E
Voltou ao campo em teu nome
A                      E
Porque morrer não consome
B7                    A E
Quem fez do campo querência

G#7
Sereno nas serenatas
                 C#m
Será meu picaço oveiro
                  G#7
Igual ao vento Pampeiro
                F#m
Nas precisões de andejar
 E
E se careça rondar
                  C#m
Os meus silêncios tropeiros
A                  E
Saberá meu pingo oveiro
B7              E7 (E)
O que diz o meu cantar

Declamado:

"Aprendi o sabor da vida
No gosto antigo das sangas
Do boi ostentando a canga
Ao braço firme do pealo
Com a geada ao canto do galo
Na hora em que a alma entangue
Que percebi que meu sangue
É o mesmo do meu cavalo

Quando provei dos caminhos em redomões e
bolichos
Que percebi que meus vícios
Eram antigas paisagens
Carreiras, truco, linguagens
Por fronteiriço e domero
Achei um picaço oveiro
Igual à mim na paisagem

Quando apertei o pelego
E arrochei o bocal
Oveio negro bagual pras correrias de guerra
Olhar imenso que encerra pequenas gotas de
sanga
Que roubaram das pitangas
Genuíno amor pela terra!"

Sereno nas serenatas....